Homem apedrejado e espancado até a morte após acusação de estupro em JF era inocente
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Homem apedrejado e espancado até a morte após acusação de estupro em JF era inocente

Homem apedrejado e espancado até a morte após acusação de estupro em JF era inocente
Polícia Civil/Divulgação

Ele foi morto por causa de informações falsas espalhadas, inicialmente, pela mãe da suposta vítima. Menina de 9 anos havia sido arranhada por um cachorro e não estuprada. Treze agressores foram identificados e seis pessoas estão presas.

A apuração da Polícia Civil de Juiz de Fora concluiu que o catador de recicláveis Elvis Cleiton da Silva Batista, de 38 anos, era inocente e descartou a acusação de estupro contra uma menina de 9 anos, o que levou uma multidão a agredi-lo e a fazer um julgamento equivocado.

O linchamento aconteceu na noite do dia 10 de janeiro, no Bairro Santa Cecília, em Juiz de Fora. Os detalhes da investigação foram divulgados durante coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (3).

Ainda conforme a polícia, a vítima era conhecida por todos no bairro, e não tinha histórico de crimes violentos.

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Em poucos minutos, Elvis foi espancado, apedrejado e morto no meio da rua por parentes e vizinhos que o acusaram de estuprar uma menina. Ele, que estaria indo para um pagode, chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.

Até o momento, 13 pessoas que aparecem nas imagens foram identificadas. Dessas, três são adolescentes e responderão por ato infracional análogo ao homicídio. Dos 10 adultos envolvidos, todos foram indiciados por tortura, incluindo a mãe da menina, o noivo e o sogro dela, presos no dia do crime. Destes, seis estão presos e quatro foragidos.

Informações falsas mobilizaram os agressores

O suposto crime de estupro foi apurado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e descartado. Ao que tudo indica, Elvis foi morto por causa de informações falsas espalhadas, inicialmente, pela mãe da menina, que rapidamente mobilizaram os agressores, segundo a delegada Alessandra Azalim, responsável pelo caso.

“Após o fato [suposto estupro] a mãe saiu na rua, chamou um outro responsável que ela conhecia de um outro bairro para tentar localizar o suspeito. Num primeiro momento, eles rodaram o bairro de carro e não conseguiram identificar quem teria sido esse suposto estuprador. Algumas horas depois, avisaram a família que o suspeito havia sido encontrado e, quando ela chegou lá, com menina inclusive, essa pessoa já estava sendo agredida por populares e agredida até vir a óbito”.

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A delegada ressaltou, ainda, que a criança passou por exame de corpo delito posteriormente ao fato e não ficou constatado indícios de abuso sexual, apenas um arranhão no braço.

“Segundo a própria criança, o arranhão foi causado por um cachorro. Então ouvindo o relato espontâneo da criança não restou configurado essa questão do estupro. […] A própria mãe fala que não houve um estupro e que eles não tinham certeza que foi o Elvis que segurou no braço da criança”.

A criança, que está sob cuidado de familiares, será ouvida por meio de um depoimento especial, em nível judicial como antecipação de prova, segundo a delegada.

Pessoas não sabiam o que o homem tinha feito

Já de acordo com a delegada responsável pela Delegacia Especializada de Homicídios, Camila Miller, alguns dos envolvidos disseram não saber exatamente o que o homem havia supostamente feito com a criança.

A delegada alertou sobre os riscos da chamada ‘justiça com as próprias mãos’.

“É muito importante frisar que as forças de segurança vão atuar com todo seu afinco para evitar esse tipo de prática, que a gente tem visto acontecendo na cidade. Ao invés de procurar a polícia, acionam um suposto justiceiro do bairro para fazer justiça com as próprias mães. O Elvis sem motivo foi espancado por diversas pessoas e acabou falecendo”.

Detalhes do crime

  • Elvis Cleiton, de 38 anos, foi espancado até a morte na noite do dia 10 de janeiro, no Bairro Santa Cecília, em Juiz de Fora.
  • Os agressores disseram à polícia que ele teria estuprado uma criança de 9 anos.
  • Elvis foi golpeado com uma barra de ferro, além de ser agredido com socos e pontapés.
  • Ele chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
  • No atestado de óbito, consta que a causa da morte foi tórax instável e politrauma.

Jornal O Vigilante Online com G1 Zona da Mata


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