A Obesidade: Entre o estigma, os desafios sociais e as novas perspectivas
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A Obesidade: Entre o estigma, os desafios sociais e as novas perspectivas

A Obesidade: Entre o estigma, os desafios sociais e as novas perspectivas

Por Alexandre Iennaco de Moraes*

Eu tenho algumas manias, dentre elas, a de esperar os filmes “saírem da mídia” para assisti-los sem o calor do momento. Foi assim com A Baleia (The Whale – USA, 2022), um filme que provocou discussões acaloradas sobre a obesidade, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. A história de Charlie, um professor recluso que enfrenta um quadro grave de obesidade, me fez refletir novamente sobre os desafios que pessoas nessa condição enfrentam diariamente.

Mais do que uma jornada pessoal, o filme expõe as camadas de estigma, sofrimento, e exclusão social que frequentemente cercam aqueles que convivem com essa doença. Entre momentos de dor e tentativa de reconexão com sua filha, Charlie nos convida a enxergar o peso que vai além do físico: o de uma sociedade que muitas vezes falha em acolher e apoiar.

Fora das telas, a obesidade é uma condição multifatorial que atinge milhões de pessoas em todo o mundo. Associada a riscos significativos para a saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, hipertensão e até certos tipos de câncer, ela vai além do aspecto físico, englobando também questões emocionais e sociais. Suas causas são complexas, envolvendo fatores genéticos, metabólicos, psicológicos e ambientais. Uma alimentação inadequada, o sedentarismo, e o estresse crônico são apenas alguns dos elementos que, somados, criam um cenário propício para o aumento de peso descontrolado.

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Ainda assim, o maior peso que muitos obesos carregam não é o corporal, mas o emocional. O estigma social, frequentemente reforçado por “piadas inocentes” e julgamentos apressados, torna-se um fardo tão ou mais difícil de suportar. Como vimos em A Baleia, esse preconceito pode agravar problemas psicológicos preexistentes, alimentando ciclos de exclusão e sofrimento.

Além dos impactos diretos na saúde, as pessoas que convivem com a obesidade enfrentam desafios sociais que muitas vezes passam despercebidos para quem não vive essa realidade. A discriminação no mercado de trabalho é um exemplo claro: não é preciso nenhum estudo para mostrar que indivíduos obesos são frequentemente preteridos em processos seletivos ou limitados a funções que não correspondem às suas qualificações. Esse preconceito não apenas reduz suas oportunidades de crescimento profissional, mas também contribui para o isolamento social e a perda de autoestima.

O estigma também está presente em espaços públicos, onde a estrutura muitas vezes não é inclusiva para corpos fora do padrão. Assentos apertados, olhares julgadores e comentários maldosos se somam a um cenário que reforça a exclusão. Assim como o personagem Charlie, muitas pessoas acabam optando por evitar esses espaços, o que agrava ainda mais o isolamento e dificulta o acesso a serviços essenciais, como educação e saúde.

Felizmente, nos últimos anos, houve avanços significativos no tratamento da obesidade, com novas abordagens que vão além da dieta e exercício físico. Medicamentos como o Ozempic e Wegovy (semaglutida), voltados para o controle do peso, ganharam destaque na medicina moderna. Esse fármaco, inicialmente utilizado no tratamento do diabetes tipo 2, mostrou eficácia na redução de peso em pacientes obesos, funcionando por meio da regulação do apetite e metabolismo.

Ano que vem, a patente do Ozempic será extinta, e a corrida pela produção de biossimilares está aberta, o que pode representar um avanço significativo para o tratamento da obesidade no Brasil, permitindo o acesso mais amplo a uma terapia eficaz, que pode transformar a vida de muitas pessoas, especialmente aquelas que não tem condições financeiras de arcar com os custos dos medicamentos originais. A popularização de tratamentos mais acessíveis não só possibilita melhores resultados clínicos, mas também demonstra a importância da inovação farmacêutica para a saúde pública.

No entanto, para que esses avanços tenham um impacto real e duradouro, é necessário que políticas públicas eficazes sejam implementadas para apoiar os pacientes na luta contra a obesidade. As secretarias municipais de saúde, assistência social, e esportes, têm um papel fundamental na criação de programas integrados que ofereçam acompanhamento médico, psicológico e nutricional, além de promoverem atividades físicas inclusivas e acessíveis. Essas iniciativas poderiam contribuir para a reabilitação social dos pacientes, enfrentando o estigma e a exclusão que frequentemente sofrem, e promovendo uma abordagem mais holística e empática para o tratamento da obesidade.

*Alexandre Iennaco de Moraes é Propagandista Vendedor da Indústria Farmacêutica. Gerente Distrital na Empresa Cifarma Científica Farmacêutica. Graduando em Letras/Espanhol – UNIP SP (EAD).


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