Tarifa Zero e o futuro do Transporte Público | Por Orlando Macedo
Radio 104,3
(32) 991734242 contato@ovigilanteonline.com

Tarifa Zero e o futuro do Transporte Público | Por Orlando Macedo

Tarifa Zero e o futuro do Transporte Público | Por Orlando Macedo

A crise no Transporte Coletivo Urbano de Leopoldina não foi um fato inédito pós-pandemia. Com a perda de passageiros, as empresas prestadoras de serviço sofreram uma perda de arrecadação calamitosa. As poucas que conseguiram sair mais ou menos ilesas foram aquelas mais organizadas que conseguiram auxílio do Governo Federal ou aquelas cuja gestão do transporte público pré-pandemia garantia o estorno por perda ou o reajuste automático da tarifa.

Porém, a crise veio apenas para acelerar um cenário que já vinha se desenhando a passos lentos: a inviabilidade do modelo atual. Lúcio Gregori, ex-secretário de Transportes de São Paulo, escreveu no ano passado um artigo descrevendo essa dinâmica.

Alguns fatos contribuem para esta crise. A primeira delas é a matriz de combustíveis fósseis, que cada vez mais perde espaço para novas tecnologias motrizes, como a eletricidade. E por pressões ambientais dos países desenvolvidos, os veículos aqui fabricados são cada vez menos poluentes… e mais caros!

continua depois da publicidade



Um segundo fator é a popularização das motocicletas e o aparecimento dos aplicativos de transporte (conhecidos pelo nome do pioneiro, Uber). A inflação de oferta de transporte trouxe o preço destes modais de transporte a um patamar baixo que vem se sustentando já há algum tempo. Mesmo sendo o transporte barato o ideal para todos, eles acabam levando os passageiros dos veículos maiores (ônibus), diminuindo o rateio e aumentando o valor proporcional de passagem.

Leia também: Gratuidade do transporte público é aprovada pelos vereadores em Leopoldina

Um último fator importante é o aumento de gratuidades. Mesmo sendo nosso primeiro pensamento a crítica ao “número de passageiros que anda de ônibus sem pagar”, lembro que é um dever constitucional e, mais do que constitucional, um dever social de amparo a idosos, estudantes, portadores de deficiência.

Somando estes três fatores, acelerados pela pandemia, entramos em uma espiral negativa rumo ao colapso: passagens caras afastam passageiros, o que torna a passagem mais cara e assim por diante.

Qual a saída?

Olhando ao redor, as duas soluções que estão vingando são os subsídios e as tarifas sociais.

Os subsídios são pagos diretamente as empresas de ônibus no sentido de reequilibrar a equação. Porém, passa a ser um dinheiro sem propósito visto que é variável, portanto de difícil inclusão em um orçamento e além de tudo são na maior parte dos casos calculados pelos próprios operadores, em um típico caso do lobo tomando conta do galinheiro. (Aqui faço a ressalva de estar criticando o processo e não a idoneidade dos operadores).

continua depois da publicidade



O segundo modelo nada mais é que um subsídio disfarçado, onde o governo paga uma parte ou o todo da passagem, caindo, porém no mesmo perigo processual anterior.

Desde o começo da operação emergencial a Prefeitura de Leopoldina se viu diante desse dilema. Especificamente em nossa cidade, a passagem chegou em seu valor máximo aplicável. Qualquer valor acima do atual entra em confronto direto com o preço dos aplicativos, tirando dinheiro do sistema e acelerando o colapso.

Ao mesmo tempo, o dinheiro de subsídios é um dinheiro gasto sem propósito.

De maneira inédita e amparado pela matemática, o Prefeito Pedro Augusto sugeriu uma proposta inédita, o Tarifa Zero: um programa de gratuidade onde não há impacto significativo no orçamento e ao mesmo tempo beneficia a quem mais precisa do transporte, aqueles em situação social ou física vulneráveis.

Orgulhosamente fiz parte da equipe que durante 4 meses buscou a saída técnica para o problema.

O primeiro desafio foi otimizar a rota dos ônibus. As rotas aqui eram feitas de maneira tradicional: os veículos tinham que sair de todos os lugares e chegar a todos os lugares, levando a inúmeras coincidências de rota. Trocamos essa metodologia por uma aproximação mais moderna, onde há um ponto de baldeação, a aplicando o método chegamos exatamente na rodoviária para este ponto de distribuição. Com isso temos rotas mais leves, atendendo a toda a cidade de maneira mais rápida e mais assertiva.

O segundo ponto foi do estudo foi quebrar paradigmas de idade de frota. Tínhamos em nossa cidade uma visão pejorativa da frota de 10 anos por conta de nossa experiência anterior. Nossa frota atual tem inclusive veículos acima dessa idade que não ofereceram nenhum problema a população. Por que isso? Manutenção. Trabalhando com uma frota mais velha diminuímos o custo operacional, permitindo a troca constante do veículo. Para garantir isso, usamos a metodologia da SPTrans, uma das mais rigorosas do Brasil.

Por último, o que realmente fez diferença: as empresas vão ser remuneradas por quilômetro rodado. Esse fato inédito torna o Tarifa Zero um programa sustentável onde todos ganham:

Os empresários de ônibus tem uma remuneração garantida sem precisar se preocupar em diminuir rotas para aumentar o número de pagantes e sem se preocupar com as gratuidades que exauriam seu lucro.

Ganha a população que passa a ter o valor da passagem como uma nova fonte de renda, além de poder ter sem preocupação de gasto acesso ao lazer da cidade, como escolinhas de futebol, feiras e eventos no parque de exposição e a nossa tão querida feirinha de sábado.

Ganham os comerciantes que tem seu custo de vale transporte diminuído e pessoas com mais dinheiro para usar no comércio de nossa cidade.

E ganha a Cidade por estar na vanguarda dessas mudanças.

Como todo projeto de vanguarda, teremos o desafio de fazer acontecer. Mas como é para o bem comum e feito com muito trabalho e coração, tenho certeza de vai ser um sucesso!

📱 Acompanhe o jornal O Vigilante Online no Facebook e Instagram




Comentários Facebook

Confira aqui as principais notícias de Leopoldina e região






📱 Acompanhe o jornal O Vigilante Online no Facebook e Instagram




 

A cópia de conteúdo não é permitida