Desafio da educação: o Descobrir foi esquecido | Por Orlando Macedo
Radio 104,3
(32) 991734242 contato@ovigilanteonline.com

Desafio da educação: o Descobrir foi esquecido | Por Orlando Macedo

Desafio da educação: o Descobrir foi esquecido | Por Orlando Macedo

Ninguém mais nos dias de hoje quer pagar o preço do conhecimento

A inspiração deste texto veio de uma postagem de um grupo nomeado em homenagem ao astrônomo Neil deGrasse Tyson. Nesta postagem o autor (link abaixo para os devidos créditos) comenta que enquanto hoje se acredita em terra plana, em 1916 a artilharia alemã levava em conta a curvatura da terra e em 3750 A.C. o egípcio Erastothenes era capaz de calcular a circunferência da terra baseado na sombra de 2 obeliscos.

Qual a diferença, então, de um terraplanista e um alemão de 1916 ou mesmo um egípcio que nasceu antes de Cristo? O conhecimento pago com um erro. E, na era da informação, o conhecimento está cada vez mais barato, impedindo que as pessoas errem e, ao errar, adquiram conhecimento.

No passado, antes da era da informação, para se adquirir conhecimento era necessário o esforço próprio. Seja através de professores lacônicos e intimidadores, seja por meio da leitura de livros. No primeiro caso, o não adquirir conhecimento significava algum tipo de punição ou mesmo a humilhação de uma nota baixa. Que era tomada como uma falha pessoal e era necessário um esforço redobrado para reverter a situação.

No segundo caso, a exigência era pior: interpretar a leitura para que a cadeia seguinte de argumentos não se perdesse. O conhecimento através da leitura, em sua necessária morosidade, abre espaço para reflexão. A antecipação de teorias em relação ao próximo parágrafo gera hipóteses verdadeiras ou refutáveis.

Mas isso não acontece mais na Era da Informação. Mais tarde talvez vejamos que a era da informação foi o ponto onde nos afastamos do conhecimento. Paradoxal? Não! Informação só vira conhecimento depois do processo de análise crítica.

Mas porque as pessoas não fazem mais isso? Pela facilidade, a lei do menor esforço. Pela preguiça de pensar, pela informação enlatada em forma de conhecimento.

Em sala de aula tenho um exemplo muito prático disso. Tenho por metodologia introduzir um assunto até então desconhecido com perguntas. O objetivo didático dessas perguntas sobre um tema desconhecido é permitir que o aluno forme hipóteses. Ao responder, com a matéria, estas perguntas, as hipóteses formadas vão se refutando ou validando e dessa maneira há um pagamento pelo conhecimento.

Quando dei minhas primeiras aulas, nos idos de 1995 (se não me falha a memória) você via olhos brilharem ante o desafio de responder ao novo. Certo ou errado, havia ali um compromisso em adquirir aquele conhecimento. Muitos arriscavam inclusive algumas respostas, outros faziam mais perguntas.

No último período de aula online, durante a pandemia, houve reclamação de parte dos alunos por que eles estavam se sentindo constrangidos. Sim, estavam constrangidos pelas perguntas de um professor!

Por que eu não consegui a credibilidade do corpo discente, ou mesmo a confiança, para passar esse conhecimento?

Acredito que aqui valido meu título: meu preço era muito caro. Exigia esforço, exigia erro, exigia desafio. Não tenho uma roupagem moderna, não faço dancinha de tik tok nem assumo o posto de âncora em nenhuma emissora. Ao invés da voz grave e fleumática dos grandes repórteres, tenho uma voz anasalada. Ao invés da voz eletrônica de influencers, tenho apresentações no quadro.

E vejo, lendo jornais e redes sociais, que não é só a obsolescência do método. É também o medo de se ferir com o conhecimento. Tudo aquilo que é fio, difícil, contrário, é refutado. E, mais um paradoxo, coloco aqui no mesmo saco os que refutam a ciência junto com aqueles que bradam aos quatro ventos: “Viva a ciência”

“Viva a ciência”? Ciência não é um ídolo ou um time de futebol Ciência é um método chato, demorado, que procura repostas e ao fazê-lo gera novas perguntas. A ciência não vence, a ciência trabalha.

 Fica então o desafio para sala de aula: como fazer para que os alunos redescubram o gosto de descobrir? Como dizer para eles que o whatsapp não traz conhecimento e sim informação que deve ser analisada, questionada, estudada? Como dizer que, com roupagem bonita ou não, há um preço? Que não é barato, mas que vale a pena para construirmos alguma coisa melhor?

Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erat%C3%B3stenes
https://www.facebook.com/photo/?fbid=794817891618503&set=gm.2456553084483820&idorvanity=505507649588383

Comentários Facebook

Confira aqui as principais notícias de Leopoldina e região






📱 Acompanhe o jornal O Vigilante Online no Facebook e Instagram




 

A cópia de conteúdo não é permitida