Quando entrar Setembro…
O mês de setembro/2025 iniciou com uma triste novidade: o início das obras de impermeabilização da Rua Presidente Carlos Luz, no centro de Leopoldina-MG, noticiada pelo próprio prefeito municipal, através de vídeo publicado em sua rede social – Instagram.
Nós da Associação Ipês, lamentamos que a política do atual governo municipal não valorize com o devido cuidado certas caraterísticas da nossa querida cidade, neste caso, o calçamento das ruas com paralelepípedos. O argumento do Prefeito é basicamente a melhoria da mobilidade urbana e o progresso. Mas devemos observar também, uma série de desvantagens significativas, especialmente do ponto de vista ambiental:
- A impermeabilização por asfaltamento ou concretagem das vias municipais provoca aumento da temperatura, conhecido como “Efeito Ilha de Calor Urbano”. Este efeito atinge principalmente os pedestres e as moradias vizinhas, já que os automóveis contam, em sua maioria, com ar condicionado;
- A drenagem da água de chuva fica totalmente comprometida e provoca escoamento rápido para a rede de capitação pluvial e curso d’água (córrego). Este escoamento, aliado aos pontos de estrangulamento do córrego ao longo da sua trajetória, aumenta o risco de alagamentos nos bairros periféricos a jusante;
- A impermeabilização impede o reabastecimento do lençol freático e, a longo prazo, pode comprometer a disponibilidade de água para poços artesianos e cursos d’água da cidade;
- A água das enxurradas de vias asfaltadas/concretadas é carregada de contaminantes como óleo, poeira asfáltica com metais pesados, borra de combustíveis dispersados pelos canos de descargas dos veículos… isto tudo é levado diretamente, sem qualquer barreira filtrante, para os cursos d’água e contamina córregos e rios.
Para além dos impactos ambientais, não podemos deixar de destacar os impactos sociais e econômicos:
- Precisamos levar em conta que o recurso financeiro usado nesta obra de impermeabilização de uma rua já com calçamento em perfeitas condições de uso, poderia ser empregado em tantas outras vias públicas do município ainda sem calçamento ou qualquer infraestrutura nos bairros periféricos;
- A impermeabilização em curso certamente elevará a velocidade do trânsito de veículos, sobretudo de motocicletas, aumentando o risco de acidentes no centro da cidade;
- O comprometimento do Patrimônio Histórico é inegável. A aquisição de uma pequena máquina de compressão que pudesse fazer a manutenção do alinhamento dos paralelepípedos em nossas ruas poderia gerar maior benefício para os munícipes e garantir a manutenção e preservação do Patrimônio Histórico da cidade;
- A manutenção asfáltica pode não expressar tanta economia quando se leva em conta o tempo de durabilidade. Vale lembrar que o calçamento da Rua Presidente Carlos Luz é quase centenário e a manutenção de redes hidráulicas subterrâneas pode ter custos bem maiores com reparos de asfalto/concreto.
Por fim, não temos dúvida que a escolha por uma infraestrutura urbana mais permeável e menos dependente do asfalto/concreto, não apenas contribui para a sustentabilidade ambiental, mas também pode resultar em cidades mais resilientes a eventos climáticos extremos e com maior qualidade de vida para seus habitantes.
A ação segue na contramão de lugares desenvolvidos em todo o planeta, que buscam substituir superfícies impermeabilizadas (massas oriundas de produtos não renováveis) por pavimentos mais permeáveis e naturais.
Solicitamos que a atual administração repense e reavalie, sob todos os aspectos, a real necessidade de concretar a “Rua Nova”, como ainda é chamada pelos moradores mais antigos, e sua história!
Leopoldina, 02 de setembro de 2025 IPÊS – Associação Pró Meio Ambiente













