Elegância: uma “espécie” em extinção?
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Elegância: uma “espécie” em extinção?

Elegância: uma “espécie” em extinção?

Por Alexandre Iennaco de Moraes*

Há quem diga que elegância é coisa de gente esnobe, daquelas que passam horas escolhendo a gravata certa ou treinando o sorriso no espelho como quem ensaia um papel para a vida. Mas, calma lá! Elegância não é apenas um terno bem cortado ou um vestido que faz jus ao tapete vermelho. Não. Elegância é mais um jeito de ser, de tratar, de existir no mundo sem deixar rastros de grosseria por onde passa.

Vejamos: nos primórdios, quando a humanidade ainda estava aprendendo a arte de se comunicar sem grunhidos, o conceito de elegância devia ser algo parecido com “não acertar o vizinho com um pedaço de pau só porque ele pegou sua fruta”. Elegância era sobreviver à caverna sem perder o respeito – ou os dentes.

Avançamos para os tempos das Cortes, onde um simples levantar de sobrancelha podia significar mais que mil palavras. Homens se inclinavam em reverência, mulheres deslizavam pelo salão em vestidos que poderiam abrigar uma família inteira embaixo. Havia regras para tudo: como segurar o talher, como dirigir a palavra a um superior, como até mesmo perder a cabeça com classe (vide Maria Antonieta). Elegância era a arte de sufocar a grosseria num travesseiro de seda.

Mas e hoje? Onde está a elegância num mundo onde os gritos de um “textão” no Tweeter ecoam mais alto que o “bom dia” abafado dito ao vizinho no elevador. A quem pertence a última palavra gentil, perdida entre emojis de riso forçado e memes sarcásticos?

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Os “cavalheiros” de antigamente – aqueles que abriam portas e puxavam cadeiras – foram, em parte, desacreditados. Um gesto polido é muitas vezes visto como interesse, uma cordialidade confundida com segundas intenções. E assim, entre mal-entendidos, elegância se recolheu, envergonhada, para os confins das etiquetas antigas. Parece que preferimos a rapidez do próximo “story” do que a demora de um “como você está de verdade?”.

Ah, mas não sejamos tão apocalípticos! Elegância não está morta — apenas se disfarça. Às vezes é o gesto de deixar o outro passar primeiro, de elogiar sem esperar nada em troca. Pode estar num “desculpe” sincero, que é quase uma espécie de dinossauro linguístico.

Resta saber se estamos dispostos a cultivá-la, essa velha senhora que é a elegância. Talvez nunca voltemos às danças de salão ou ao ritual de tirar o chapéu e cumprimentar. Mas, pelo menos, poderíamos tentar resgatar a delicadeza no jeito de tratar. Afinal, não custa nada dizer um “obrigado” ou dar um sorriso – mesmo que seja apenas um emoji bem escolhido.

A pergunta que fica, caro leitor, é: há cavalheiros entre nós ou é cada um por si no salve-se quem puder da pressa moderna? Talvez o verdadeiro gesto de elegância seja simplesmente parar, por um segundo que seja, e lembrar que o outro também é gente. E isso, convenhamos, não exige traje de gala.

*Alexandre Iennaco de Moraes é Propagandista Vendedor da Indústria Farmacêutica. Gerente Distrital na Empresa Cifarma Científica Farmacêutica. Graduando em Letras/Espanhol – UNIP SP (EAD).


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