O sono adequado é essencial para o bom funcionamento do organismo! O sono e a vigília são resultados de interação de elementos do ambiente externo e da percepção deste a partir dos resultados de complexos processos fisiológicos, moleculares e bioquímicos.
O sono é dividido em duas fases principais: REM (Rapid Eye Movement) e não-REM (NREM). Normalmente, o ciclo do sono começa na fase NREM, caracterizada por uma redução das funções fisiológicas, e evolui para a fase REM, marcada por alta atividade cerebral e padrões fisiológicos semelhantes aos do estado de vigília. Em uma noite de 7 a 8 horas de sono, o ideal é que ocorram cerca de quatro episódios de sono REM. O primeiro episódio de sono REM acontece aproximadamente 90 minutos após adormecer e se repete ao longo da noite, alternando com os estágios NREM, principalmente na segunda metade do período de descanso. Assim, além da quantidade suficiente de horas de sono por noite, precisamos também de fases do sono bem equilibradas para uma boa saúde e, cada estágio do sono é importante para a revigoração do corpo e da mente, assim como para a saúde física e mental.
Por tanto, de maneira geral, o sono tem função homeostática regulativa, de termorregulação e conservação da energia. E um sono insuficiente pode gerar déficit cognitivo, demência, redução da imunidade, maior risco de câncer, hipertensão e doenças cardiovasculares, resistência à insulina e maior risco de diabetes, sobrepeso, obesidade, inflamação, entre outras doenças crônicas.
Cada indivíduo é único, e não há uma regra universal sobre a quantidade ideal de sono. Enquanto algumas pessoas precisam de menos horas de descanso, outras necessitam de mais. A recomendação de 8 horas de sono por noite é uma média geral que funciona para a maioria, mas não para todos. No entanto, estudos indicam que uma parcela significativa da população dorme menos do que o recomendado, o que pode trazer impactos negativos à saúde.
Vale ressaltar que a atividade física pode contribuir para melhoria da qualidade do sono, assim como o que chamamos de higiene do sono. A higiene do sono consiste em comportamentos, rotinas e condições ambientais que possibilitam a melhor qualidade e maior duração do sono. Algumas medidas propostas pela higiene do sono são: dormir e acordar todo dia mais ou menos no mesmo horário; deixar o quarto escuro e silencioso; evitar usar celular, TV ou computador uma hora antes de dormir; evitar cochilos longos durante o dia; evitar excesso de bebidas ou alimentos com cafeína ou outras substâncias estimulantes durante o dia e qualquer quantidade à noite; adotar um ritual de relaxamento; ter uma alimentação adequada e saudável. Essas medidas podem ser muito eficazes para garantir um sono de qualidade, mas, em alguns casos, podem não ser suficientes por si só.
Como foi dito anteriormente, elementos externos influenciam no sono e na possibilidade de dormir o suficiente no dia a dia. A privação aguda total de sono, a restrição crônica de sono ou um sono insuficiente podem ocorrer por motivos de trabalho, estilo de vida ou ainda devido a alguma doença física ou mental. Ou seja, o distúrbio de sono pode ser tanto a causa como a consequência de outra doença. E não é só isso! O fato de dormir quantidade de horas adequadas também não é sinônimo de sono adequado, especialmente se você apresenta ronco alto, engasgo durante o sono, pausas respiratórias durante o sono, sono não reparador, sonolência excessiva diurna, fadiga, boca seca ao despertar, necessidade de urinar à noite, redução da atenção, dificuldade para manter a concentração, irritabilidade, excesso de tristeza, excesso de preocupação ou falhas de memória.
Nesses casos, é preciso que um profissional médico avalie as possíveis causas para o distúrbio do sono e, dentro delas, podemos destacar transtornos psiquiátricos, como por exemplos, ansiedade e depressão; doenças clínicas, como deficiência de vitaminas e hipotireoidismo; e, transtornos do próprio sono. Com a avaliação médica e a implementação de um tratamento adequado você pode ter melhora não só do sono, mas também da sua qualidade de vida.
Concluir, portanto, que o sono de qualidade é essencial para a saúde física e mental é mais do que um consenso científico: é um alerta para a importância de priorizá-lo em nossas rotinas. A negligência com a sua saúde e o seu sono não afeta apenas o presente, mas também a construção de um futuro saudável, longe de doenças crônicas e limitações cognitivas. Por isso, entender e respeitar as necessidades do próprio corpo é o primeiro passo para alcançar o equilíbrio entre descanso e bem-estar, promovendo uma vida mais produtiva, plena e longeva.
Bárbara Neto Campos
Médica – CRM-MG: 92850










