Desde sua criação em 1994, o real brasileiro passou por uma série de altos e baixos em seu valor, refletindo as complexas realidades econômicas e políticas do país. Em contraste, o dólar americano manteve-se relativamente estável e fortalecido ao longo das últimas décadas. A diferença entre essas duas trajetórias monetárias destaca a importância de diversificar investimentos e considerar a alocação de recursos em dólares.
Na década de 1990, o Plano Real foi implementado para estabilizar a economia brasileira, combatendo a hiperinflação que assolava o país. Inicialmente, o real foi atrelado ao dólar, trazendo confiança e estabilidade ao mercado. No entanto, essa paridade foi desfeita em 1999 devido à pressão cambial, resultando em uma significativa desvalorização do real. Desde então, a moeda brasileira tem enfrentado volatilidades constantes, afetada por crises econômicas internas e externas, instabilidades políticas e variáveis macroeconômicas.
Um marco importante foi a crise financeira global de 2008, que revelou a vulnerabilidade do real frente ao dólar. Enquanto o mundo enfrentava uma recessão, o dólar se valorizava como um porto seguro para investidores globais. O real, por outro lado, desvalorizou-se consideravelmente, refletindo a insegurança dos investidores em relação à economia brasileira. Nos anos seguintes, a economia brasileira experimentou períodos de crescimento e retração. A crise política de 2014-2016, marcada pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, e a subsequente crise econômica, provocaram mais uma rodada de desvalorização do real. O dólar voltou a ser uma opção atrativa para proteção do patrimônio, especialmente em um contexto de inflação crescente e instabilidade política.
Mais recentemente, a pandemia de COVID-19 trouxe novos desafios. A incerteza global fez com que investidores buscassem segurança no dólar, causando uma forte depreciação do real. Em 2020, a moeda brasileira atingiu suas menores cotações históricas frente ao dólar, exacerbando a percepção de risco em ativos locais e destacando a importância de uma diversificação cambial. Além da volatilidade política e econômica, a taxa de juros no Brasil, historicamente alta, também tem sido um fator de pressão sobre o real. Com a recente queda na taxa Selic, os investidores locais buscaram alternativas mais seguras e rentáveis no exterior, aumentando a demanda por dólares.
Investir em dólar não é apenas uma estratégia de proteção contra a depreciação do real, mas também uma maneira de acessar mercados mais estáveis e diversificados. O mercado financeiro americano oferece uma gama de opções de investimento que podem proporcionar maior segurança e retorno a longo prazo.
Além disso, a manutenção de uma reserva em moeda forte é uma prática recomendada para mitigar riscos associados a crises locais. Em resumo, a trajetória do real desde sua criação ilustra as dificuldades enfrentadas pela economia brasileira e a importância de estratégias de diversificação de investimento. A alocação de recursos em dólar emerge como uma forma eficaz de proteger o patrimônio contra a volatilidade cambial e aproveitar as oportunidades oferecidas por uma economia mais estável. Enquanto o Brasil continua a navegar por águas turbulentas, o dólar permanece como um porto seguro para investidores prudentes.
Júnior Montan é assessor de investimentos da InvestSmart-XP; graduado em Economia pela Uni Dom Bosco – Paraná.
