Mais de mil pessoas foram atendidas pelo Grupo Levanta de novo ao longo de seus 23 anos de atuação. Conhecer o trabalho desenvolvido é importante e apoiá-lo é necessário.





Em 2023, a Comunidade Terapêutica Levanta de Novo, uma das mais importantes instituições de Leopoldina e região no tratamento e recuperação dos dependentes químicos, completa 23 anos. Neste período, mais de mil pessoas foram atendidas pela entidade, administrada pelo seu idealizador e fundador, Aloísio Soares Fajardo Filho.


A reportagem do Jornal O Vigilante Online visitou a propriedade rural onde funciona a Comunidade Terapêutica, localizada na região do distrito de Tebas.

Aloísio Soares Fajardo Filho, juntamente com o voluntário do Grupo Levanta de Novo, Sandromar Moreira dos Santos, apresentaram as instalações onde os residentes dormem, fazem suas refeições, meditam, se exercitam, dentre outras atividades, convivendo durante o período em que se esforçam para se recuperarem da dependência química.
Com capacidade para 24 residentes, a Comunidade Terapêutica Levanta de Novo atualmente está com 17 pessoas atendidas. “Recebemos solicitações para atendimento de pessoas de Leopoldina e de outras cidades e até de outros estados”, revelou Aloísio.
Também conhecido pelo apelido de “Nem”, Aloísio explicou que a vontade de vir para a Comunidade Terapêutica Levanta de Novo tem de partir do indivíduo para funcionar, informando que podem ser atendidas somente pessoas acima de 18 anos, que ao serem acolhidas ficam na Comunidade por um período de 6 meses, sendo que a partir do 4º mês o residente entra no período de ressocialização.

Sandromar acrescenta que quando a pessoa aceita passar os 6 meses na comunidade, vem para aceitar uma disciplina de vida diferente do que ele tem lá fora. Ele cita, por exemplo, que são realizadas 4 reuniões disciplinares por dia, nas quais os residentes recebem orientações. Além disso eles têm tarefas, como limpar os seus quartos e auxiliarem no trabalho interno, até como terapia.
“Às 6h30 os residentes acordam, às 07h temos o café da manhã, logo após vem a primeira reunião de espiritualidade e outra reunião para manter a laborterapia; intervalo para almoço, descanso, depois a segunda reunião, após o café da tarde temos a reunião do sentimento, quando eles partilham seus sentimentos do dia e suas dificuldades, há uma troca. E o jantar ao final do período”, detalhou Aloísio.
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Como surgiu a ideia de criar o Levanta de Novo? A esta indagação, Aloísio responde que primeiramente, pela necessidade de se ajudar, e justifica: “Eu fui um dependente químico. Usei 26 anos, trouxe muito sofrimento, tive muito sofrimento, perdas, que dentro dessa vida da dependência química é isso que a gente colhe. E eu me comprometi com Jesus de que se Ele me ajudasse eu estaria envolvido num trabalho desses. E cada dia é uma luta”, afirmou.
Filho do já falecido Sr. Aloísio Soares Fajardo, funcionário do Banco do Brasil, e de Dona Maria Assunção, hoje com 94 anos de idade, Aloísio comentou sobre o apoio da família em relação ao trabalho no Levanta de Novo. “Minha mãe sempre me apoiou. Eu devo muito a ela. Ela me apoiou estar envolvido neste projeto até hoje, me ajudando na criação dos meus filhos, me ajudando a ter um veículo para ajudar no grupo e na comunidade terapêutica, porque o carro que eu ando é dela e ela deixou comigo para que fizesse esse trabalho e pudesse estar envolvido nisso. Ela só não queria mais me ver dentro da dependência química”, revelou.
Sandromar Moreira dos Santos relatou como conheceu o projeto. “Nós nos aproximamos do Levanta de Novo há cerca de 5 anos, por ocasião de outra iniciativa, o Sou Feliz de Cara Limpa. Conhecendo de perto o trabalho, a comunidade, no ano passado o ‘Nem’ nos confiou a responsabilidade de atuar na obra, como voluntário”, esclareceu.
Em outro momento, caminhando pela área central do sítio, imóvel doado pelo saudoso Roque Schettino à Comunidade Terapêutica Levanta de Novo, Aloísio e Sandromar destacaram as obras de reforma que estão em andamento na instituição, graças à Emenda Impositiva destinada pelos vereadores da Câmara de Leopoldina. Foram realizadas benfeitorias nos 12 banheiros, todos reformados (azulejos, vasos sanitários, porta-shampoo, interruptores, chuveiros, fiação).




Segundo os gestores daquela obra social, na ala onde estão os quartos, refeitório e cozinha é necessário reformar o telhado, deteriorado pelo tempo, que será substituído. O piso também está sendo reformado.



“Todos os quartos da Comunidade Terapêutica são mobiliados com 4 beliches. O terreno passou a contar com iluminação mais eficiente, resultado da energia solar recentemente implantada, garantindo o abastecimento e reduzindo o custo com botijão de gás, pois foi possível instalar o forno elétrico, panela de pressão elétrica e outras melhorias na próxima obra, uma economia de R$ 1.300,00 por mês com a conta de energia elétrica”, detalhou Sandromar.




Conselheiros, Psicólogo e Assistente Social, são funcionários da entidade. Os residentes recebem atendimento médico e dentário no PSF de Tebas e se houver necessidade, na Casa de Caridade Leopoldinense e no Polo de Saúde.
Cada residente também possui uma pasta com o detalhamento de sua rotina diária, um trabalho árduo, mas fundamental.
Em outra casa da propriedade está instalada a despensa, que precisa ser reabastecida todas as semanas. Aloísio e Sandromar falaram sobre a ajuda necessária e a importância da colaboração de todos para manter a atuação do Levanta de Novo.



Sempre necessitamos de ajuda
“Sempre necessitamos de ajuda.” Com esta frase, Sandromar demonstra que a verba pública não é suficiente. “A alimentação (almoço, café da manhã e da tarde, jantar) e produtos de higiene e limpeza são nossas maiores necessidades”, frisou, ilustrando com a informação de que diariamente são necessários 60 pães, dentre outros mantimentos, além da entidade precisar de ventiladores e colchões.
Fé e Espiritualidade
Dentro da Comunidade foi construído um local ecumênico, que é por todos chamado de Capela. “A importância da fé é enorme. A recuperação sem esse lado espiritual não funciona direito. Espiritualidade, fé nesse poder superior, cada um na sua crença. Aqui não se prega religião, mas o trabalho é cheio de espiritualidade”, declarou Aloísio, mesma opinião de Sandromar.

Acesso à Comunidade Terapêutica precisa de manutenção da Prefeitura
Uma ação que se faz necessária pela Prefeitura de Leopoldina, observada durante a reportagem, é a melhoria do acesso de terra entre a rodovia BR-267 e a sede da Comunidade Terapêutica Levanta de Novo. O pequeno trecho da estreita estrada de terra fica intransitável quando chove e o mato está muito alto, prejudicando o atendimento em eventuais situações de emergência e oferecendo riscos de acidentes nas curvas.
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Apoio a familiares de dependentes químicos
Oferecendo importante apoio aos familiares, a Comunidade Terapêutica Levanta de Novo caminha juntamente com o Grupo Levanta de Novo, localizado na antiga sede da Escola Estadual Omar Rezende Peres, no Bairro Quinta Residência, com reuniões e atividades às segundas, quintas (abrangendo os familiares) e sextas, para palestras e trocas de experiências. “O trabalho de quinta-feira é aberto ao público, às 19h, para que as pessoas possam conhece-lo. E precisamos retomar esse movimento, que foi muito prejudicado devido à pandemia e o consequente distanciamento social”, esclareceu Aloísio Fajardo.
Aloísio Fajardo destacou que ao longo da existência do Grupo Levanta de Novo, muitas pessoas, de vários seguimentos, ajudam o projeto, que também tem despesas com terapia, acompanhamento médico e psicológico. “O custo é muito grande. Temos ajuda da Prefeitura e uma ajuda do governo federal, fazemos campanhas e esclarecemos que não buscamos recursos do residente nem dos familiares”, declarou o idealizador e fundador do Levanta de Novo ao lado de Sandromar Moreira dos Santos, ocasião em que ambos agradeceram aos vereadores pela Emenda Impositiva, ao prefeito de Leopoldina pelo apoio da estrutura da prefeitura através das Secretarias Municipais, dentre elas a Secretaria de Saúde, além de um agradecimento especial à sociedade de Leopoldina.
Os interessados em colaborar com os trabalhos da Comunidade Terapêutica Levanta de Novo podem fazer doações através da conta bancária 5000-5 – Agência da Caixa Econômica Federal de Leopoldina em nome do Grupo Levanta de Novo.
Jornal O Vigilante Online
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