Muitas pessoas deixam de evoluir na vida, em todos os sentidos, por não terem uma visão perfeita ou serem cegos, por doenças oculares ou por vícios de refração. Mas algumas exceções também existem em todas as regras.
Peço licença para citar um caso relatado no livro JUBILEU MAGISTERIAL DO PROFESSOR ANTONIO PAULO FILHO, publicado em 1976.
O Professor Paulo Filho foi Catedrático de Oftalmologia da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, da UNI-RIO, faculdade federal. Fui seu aluno na graduação médica e na especialização.
Leia também: A Luz, a Visão e a Alegria de Viver | Por Dr. Paulo de Souza Antunes
Trata-se de um estudo de parte da vida de grande vulto da história, Rui Barbosa. Era hipermetrope desde o berço. Desde a primeira década de sua vida teve que sujeitar seu aparelho visual a um esforço enorme nas longas e exaustivas leituras e em tudo que escrevia, causando algumas alterações da saúde de que tanto se queixava, sobretudo em São Paulo ao término do seu Curso de Direito e deixar suas atividades jornalísticas em 1872, que praticava na Bahia, depois de formado. Foi aconselhado a viajar para a Europa, em 1873, em busca de tratamento para seus males digestivos, tratamentos estes longos, cansativos e inúteis. Os médicos de lá nem sequer cogitaram fazer um exame de refração, já que tinha distúrbios visuais frequentes e que são congênitos. Tinha hipermetropia de 4 dioptrias (graus). Se houvessem corrigido seu vício de refração, por si só seria dado pronto alívio à maior parte dos sofrimentos, o que seria, também muito importante para desenvolver seus dotes literários e interferir em sua saúde mental. Sofreu com a saúde, a ponto de desdenhar o conhecimento de notáveis médicos da época, o que chegou ao ponto de desligar-se da Academia Brasileira de Letras, para não participar da posse do Dr. Miguel Couto.
O grande médico, no auge de suas atividades entendeu a angústia de Rui Barbosa. Por pressões de intelectuais e amigos Rui Barbosa reingressou na Academia. O Dr. Miguel Couto foi a Petrópolis, RJ, várias vezes para dar assistência ao conselheiro da Academia, até seu falecimento em 1° de março de 1923. Com todos os percalços na saúde o nosso país tem que reverenciar este ilustre patriota. Imaginem se tivesse um atendimento oftalmológico no tempo certo…
Ainda do mesmo livro citado, encontramos algumas pérolas: “Do berço ao túmulo, a vida humana transcorre entre dores e prazeres, entre esperanças e saudades, mas quase sempre num vale de lágrimas, lágrimas até de alegria”
Os olhos humanos podem parecer, consoante as circunstâncias:
“Sinceros ou insinceros, falsos ou verdadeiros, amigos ou inimigos, indiferentes ou traiçoeiros, bons ou maus, feios ou bonitos”
“Dormir com um olho aberto e o outro fechado: fingir que dorme”.
“Longe dos olhos, longe do coração”.
“Os olhos são o espelho da alma”.
“Pelas lágrimas, e não pelas desgraças, podemos conhecer os desgraçados”.
“Os olhos das mulheres, que amam, não envelhecem nunca”. Se todas as mulheres soubessem disso, haveria mais amor no mundo.
Concluindo, quando houver alteração visual ou sintomas e sinais de doenças oculares, procure um oftalmologista. Não faça automedicação.
Dr. Paulo de Souza Antunes, médico formado pela escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, especialista em oftalmologia, membro titular do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, membro do corpo clinico da Casa de Caridade Leopoldinense.






